O Ciclo

A fantasia de um dia de sol
Fazia-me acreditar que tudo podia ser diferente
A começar pela ilusão que hoje faço parte
Nesses dias de tempos corridos e lentos
Os quais queria poder transformá-los agora
Em algo confiável e digno de ser vivenciado
Passaria dias e noites e sempre em frente
Na esperança de uma hora em que encontrarei
O que jamais perdi, que nunca se desfez
Fixo a mim, fixo em mim, como parte de meu ser
Quis não correr o risco de passar por isto
De não encontrar-me pedindo a mão alheia
Poder sorrir e chorar quando quisesse
E mudar as situações conforme a necessidade pedisse
Digo que esta confiança custou-me caro
Um preço acima de minhas ostentações
Estou fraco, grito por ajuda mas não há respostas
Seguirei o caminho mais absurdo
Pisarei em flores negras murchas
Sentirei os espinhos me tocarem
A água que cai da chuva lavará minha alma
Até chegar ao meu destino, não hei de temer
Sempre corre-se o risco do fracassso
E da morte prematura do ser, não sendo o fim
Mas o renascimento da alma purificada.